sexta-feira, 8 de abril de 2011

Planeta tóxico

No azul da atmosfera há tantas substâncias...

Prendo a visão no céu à espera que algo divino aconteça, respiro o ar composto sei lá de quê e perco o ponto focal no aparente infinito.Separo o cérebro em decompostas partículas, tão decompostas que também as inalo. Tenho pedaços de mim no meu interior, partes de memórias agora partem dos pulmões para a corrente sanguínea e da corrente sanguínea possivelmente para o cérebro novamente. Alucinado de mim mesmo com químicos que todos produzimos e os olhos postos no céu.Algo divino aconteceu.Eu, Tu, Nós, Vós, Eles e todos os outros pedaços de todos que vagueiam pelo Todo em troca constante de algo por algo.As vezes estou trancado no teu coração consumindo-te por dentro, alimentando-me dos teus cancros, de mais e mais partículas que nos são de uma só vez. Quando faço sexo contigo faço-o comigo e os meus fluidos são também os teus, partilhando uma toxicidade inebriante e sagrada, como o som de um martelo pneumático às cinco da manhã.As nuvens são a droga do tempo e o tempo a droga da morte e a morte a droga da vida e a vida a droga do amor. E tu meu pedaço químico externo a tudo, droga da minha existência à solta num planeta tóxico...

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