quinta-feira, 8 de março de 2012



Mais um assassinato ocorreu no meu mundo interno. No dia 21 de Setembro de 2010, numa região meridional com densas cordilheiras de precipícios, ou montanhas que se estendem para as profundezas, com rios de lava e de água que se cruzam em vasos subterrâneos e superficiais que levam à ocorrência de solidificação do magma frequente e desordenadamente.

É aquilo a que se pode chamar de terreno instável onde os seus habitantes apenas dispõem de iluminação piro-plástica e de tochas que se acendem nas ossadas dos defuntos.

A cultura dos nativos é composta por noções em vez de conceitos, fruto dum meio no qual as imagens são percepcionadas por manchas e sombras de contornos pouco definidos, fruto da rugosidade das rochas e da luz incandescente e inconstante, bem como por uma geografia em constante alteração. Assim nunca se pode ter a certeza de nada, é como andar numa floresta durante a noite tendo apenas a lua como fonte de claridade, qualquer sombra nos parece suspeita e activa todo um imaginário de possibilidades que só não é mais mirabolante porque o conhecimento que hoje detemos do mundo, já excluiu a existência de muitas das criaturas que assombravam a imaginação dos antigos.

É por isso uma cultura com valores simbólicos vastos, em que a crença mais bizarra assenta no uso dos ossos dos seus familiares padecidos, para peças de mobília e utensílios da mais variada ordem. Associado a esta crença residem dois factores, o primeiro de ordem prática e relacionado directamente com a escassez de matérias primas, o segundo por uma razão religiosa.

O panorama teológico deste povo é profundamente mitológico e transmitida pela oralidade, não existem escritos sobre o que quer que seja, tudo é contado em torno da escuridão e do fogo, teatralizado pelos gestos e pelo fundo de sombras. Sendo a história mais contada, aquela em que o primeiro homem desafiou o calor da terra e se converteu em pedra como punição, a história é muito simples, mas os valores que são explorados neste conto são de máxima importância para a sobrevivência neste habitat.

Em primeiro lugar há que entender que a vida em si é um milagre maior, e quanto mais tempo a conseguirem conservar mais respeitados são, pois quem o realiza é considerado como um milagre alongado.

1 comentário: